CADEIA PRODUTIVA DO LICURI: Enraizando práticas sustentáveis na Caatinga, a natureza é respeitada e beneficia todo mundo.

O projeto “Cadeia Produtiva do Licuri MCTI: Inovação Sustentável para Bioeconomia da Caatinga” faz parte do Programa Cadeias Produtivas da Bioeconomia MCTI, financiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e CNPq. O projeto foi liderado pelo Núcleo de Bioprospecção da Caatinga do Departamento de Bioquímica da Universidade Federal do Pernambuco (NBIOCAAT/UFPE) em parceria com a Cooperativa de Produção da Região do Piemonte da Diamantina (COOPES), o Laboratório Nacional de Biociências do MCTI (LNBIO/CNPEM), o Projeto Bem Diverso da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, e a Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).  

Foram desenvolvidas pesquisas com o óleo da amêndoa do licuri e o resíduo do seu processamento com atividades para agregar valor e desenvolver novos produtos. Paralelamente, o projeto fortaleceu os elos iniciais desta cadeia produtiva, por meio de capacitação e disseminação de boas práticas de manejo com as comunidades locais, promovendo uma alternativa de desenvolvimento local sustentável para as populações da região do Piemonte da Diamantina (BA) no Semiárido Brasileiro. O projeto gerou produtos, publicações em revistas de circulação internacional e pedidos de patentes. Foi demonstrado a ação do óleo como antibiótico, para prevenir a gastrite, como anti-inflamatório e analgésico, como cicatrizante de feridas na pele, entre outras; atividades atribuídas à alta concentração de ácido láurico.

As ações desenvolvidas também beneficiaram a cooperativa e as comunidades cooperadas, com diversas devolutivas, entre elas, a melhoria da comunicação (com a abertura a desenvolvimento de suas redes sociais) e o suporte a 3 bolsistas da comunidade que acompanharam várias etapas da execução do projeto com visitas técnicas a laboratórios de alta tecnologia.

O NBIOCAAT já realizou dez edições do Workshop "Potencial Biotecnológico da Caatinga", que acontece sempre no dia Nacional da Caatinga (28 de abril). Pesquisadores do NBIOCAAT, criaram um catálogo com cerca de 100 plantas da Caatinga tradicionalmente usadas pelas comunidades de Pernambuco no combate a doenças; o poder medicinal de muitas destas plantas foi comprovado cientificamente. Foram aplicados mais de 200 questionários etnobotânicos sobre o uso das plantas em 50 comunidades tradicionais e quilombolas. O perfil dessa população são mulheres, idosas e analfabetas (questionários respondidos por senhoras de 80, 90 e até 102 anos); saber idoso e oral que está se perdendo.

Principais avanços e resultados da pesquisa:

Definição da composição química do óleo da amêndoa e comprovação da segurança do uso, depósito de duas patentes, desenvolvimento de cosméticos para o tratamento da acne, desenvolvimento de creme dental e enxaguante bucal, formulação de pães sem glúten, farinha proteica e produto lácteo.

O maior interesse comercial no óleo de licuri se dá, hoje, como insumo vegetal para obtenção do ácido láurico, um importante ingrediente para a indústria farmacêutica e cosmética. As seguintes etapas do projeto visam avaliar com uso tópico a cicatrização do óleo do licuri, livre ou em formulações (definidas pelas normas da ANVISA) em modelos in vivo com diabetes e hipertensivos. Também será estudada sua ação gastroprotetora, antiulcerogênica e neuroprotetora.

Em relação a higiene e cosméticos, será testada a eficácia de solução desinfetante para prótese dentária, hidratante com fator de proteção solar, linha de sabonetes desinfetantes, shampoo e condicionadores capilares.

Pelo lado nutricional, a partir da polpa do licuri, serão desenvolvidos novos produtos como bebida fermentada, sucos e a polpa desidratada.

Outro tema importante: os aspectos fitossanitários dos licurizeiros nas comunidades de agricultores participantes. Será avaliado a indicação de inseticidas de origem natural como alternativa para controle do bicho-do-coco, praga do licuri, bem como analisar o efeito do óleo do licuri para o controle de bactérias e fungos fitopatógenos de importância para o agronegócio brasileiro como uma alternativa ao uso dos agrotóxicos. Serão produzidas formulações líquidas à base de óleos vegetais ou blendas controle de pragas de pós-colheita e grãos armazenados.

Cabe destacar que o projeto apoia a implantação dos Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS) previsto pela ONU no semiárido do Brasil.